sexta-feira, 21 de setembro de 2007

Edição #2 – “Eu não sou borboleta não...”

Roteiro: Felipe Storino

Segunda-Feira

Já faz mais ou menos um mês desde que Michael Mitchel ganhou seus poderes e se tornou o Homem-Lagartixa, o maior (e único) super-herói de Alpha City. Infelizmente, nem sempre nosso herói usa seus dons com motivos nobres. Neste momento, Mike está pendurado numa árvore, tentando ver sua vizinha gostosa que está trocando de roupa.

-O que você pensa que está fazendo? – Pergunta uma voz no meio das folhas.

-Aaaahhhh – o Homem-Lagartixa quase cai com o susto que leva. – Quem tá aí?

-Sou eu – responde Lola, enquanto passeia por um dos galhos. – Então foi pra isso que você aceitou os poderes da Lagartixa Caolha? Pra ficar espiando os vizinhos?

-Putz, Lola, você me deu um susto do cacete. Achei até que fosse aquele calango louco de novo.

-Sorte sua que não era. Ele poderia até tomar os seus poderes por causa desse seu comportamento.

-Blábláblá. Tomar os meus poderes nada, afinal, ele disse que foi a própria Lagartixa Caolha que me escolheu. Logo, só ela poderia me tirar alguma coisa.

-Pobre Lagartixa Caolha, devia estar sem muitas opções – pensa Lola consigo mesmo.

Enquanto os dois companheiros discutem, o carro dos bombeiros e algumas ambulâncias passam depressa pelo local, em direção ao centro da cidade.

-O que é que você tá esperando, seu molenga? É a sua chance de fazer algo de útil e salvar sua reputação – diz Lola em tom de urgência.

Mike ainda pensa em discutir com o iguana, mas percebe que é melhor investigar o que está acontecendo do que começar outra discussão inútil com Lola. Então, ao notar que uma viatura se aproxima, nosso intrépido herói resolve fazer uma manobra que vem praticando há algum tempo: se grudar no teto de um carro em movimento. Ele se prepara, vê a viatura se aproximando cada vez mais, calcula o tempo exato até o salto, quando finalmente se lança em direção ao teto do veículo.

Seu corpo voa graciosamente até seu objetivo. Braços abertos, movimentos perfeitos, mas, infelizmente, o carro estava mais rápido do que ele havia calculado. A única coisa que nosso herói consegue é dar de cara com o asfalto.

-Patético – comenta Lola para si mesmo!

*****

50 minutos depois

Finalmente, o Homem-Lagartixa chega ao local para onde os bombeiros se dirigiram. Um prédio que há alguns minutos estava em chamas, mas agora tem seu fogo controlado.

-Droga, eu não dou uma dentro – pragueja o nosso herói.

-Nossa! Que grande super-herói você é – diz uma voz feminina atrás de Mike, que, ao se virar, vê uma bela garota com lindas asas de borboleta.

-Quem é você? E por que tá com essas asas ridículas?

-Olha só quem fala sobre roupas ridículas. Como a sua mãe deixa você sair de casa desse jeito?

-Ei, deixa a minha mãe fora disso. Além do mais, eu faço as perguntas aqui e você ainda não disse o seu nome.

-Bom, eu sou...

Mas antes que possa terminar a frase, a linda jovem é interrompida por algumas pessoas que se aproximam.

-Olha, pessoal, a Lagarta Voadora tá ali, do lado do tal menino minhoca.

-Qual é, cara! Meu nome é Homem-Lagartixa, o super-herói de Alpha City.

-Super-herói? E onde você estava quando precisamos de ajuda no nosso prédio em chamas? Se não fosse pela Lagarta Voadora não sei o que poderia ter acontecido.

-Escuta, cara, você sabe como é difícil conseguir carona usando esta roupa? Foi por isso que eu me atrasei um pouco.

-Olha, meninos – interrompe a garota das asas de borboleta – eu tenho que ir embora. Então, vou deixar vocês aí discutindo, ok?

-A Lagarta se lança aos céus batendo suas belas asas, enquanto as pessoas ao redor pedem autógrafos e para tirar fotos.

-Espera aí, você não pode ir embora assim, a gente tem que conversar – diz Mike.

Antes que a Lagarta Voadora consiga se distanciar, o Homem-Lagartixa pula e agarra os pés dela. Porém, a garota não agüenta o peso dele e os dois saem voando desgovernadamente.

-Me larga, seu imbecil, não está vendo que eu não consigo voar direito com você pendurado em mim?

-Nem pensar! Eu não vou te soltar até você concordar em conversar comigo.

-Desse jeito, a gente vai acabar morrendo.

-Olha pra frente, sua maluca! Tem um caminhão...

Antes que o Homem-Lagartixa possa terminar sua frase, a Lagarta Voadora vê o caminhão, que está prestes a se chocar contra eles, e faz um movimento brusco para a direita, na tentativa de se desviar. Apesar de conseguir se livrar da batida contra o veículo, a garota perde o controle do próprio vôo e os heróis vão parar em um beco onde se chocam contra a parede. Os dois vão despencando até caírem dentro de um latão de lixo. O Homem-Lagartixa é o primeiro a sair lá de dentro, com o resto de uma melancia na cabeça.

-Belo vôo esse heim! E depois você ainda enche a boca pra dizer que é uma Lagarta “Voadora”.

-Babaca! Se você fosse tão bom como lagartixa, teria se grudado em alguma parede ao invés de cair no lixo. Mas que merda, vai levar anos pra esse cheiro sair do meu cabelo.

-Eu não tô legal.

-Ah, eu também não estaria legal se saísse de casa vestida como você.

-Eu tô falando sério, tô ficando meio zonzo.

-Vê se pára de frescura e...

A garota interrompe sua frase quando vira para Michael e vê que ele tem uma garrafa quebrada enfiada na barriga.

-Caraca, você tá sangrando pra cacete!

-É, eu percebi isso alguns segundos atrás. Acho que vou desmaiar agora. Foi um prazer...conhecer...vo...

E então ele desmaia.

*****

Esconderijo da Lagarta Voadora

Lentamente, o Homem-Lagartixa vai abrindo os olhos e começa a enxergar uma figura vagamente conhecida.

-Cara, uma coisa não se pode negar, você é realmente resistente – diz a Lagarta, se aproximando de Mike com um copo d’água.

-Onde é que eu tô? – Levanta-se e toma uns goles de água.

-No meu esconderijo. Eu achei que você fosse morrer, então te trouxe pra cá. Eu não sabia mais o que fazer.

-Em nenhum momento você pensou em me levar pro hospital?

-Sabe, até pensei, mas achei que você não ia querer ser desmascarado por ninguém. Além do mais, você pareceu estar se recuperando muito bem sozinho.

-Como assim? Do que você tá falando?

-Veja com seus próprios olhos. – Apontando para a barriga do Homem-Lagartixa. – Seu ferimento já tá quase cicatrizado.

-Ih caraça, fui eu que fiz isso? Que maneiro, pelo visto eu tenho um poder de cura. Sou praticamente um Wolverine!

-Menos né, garoto, muito menos. Quando você viu aquele monte de sangue, chegou até a se despedir de mim.

-Ah, eu estava assustado e também nem sabia que tinha esse poder.

-Mesmo assim, que eu saiba, o Wolverine se recupera bem rápido e você já tá aqui há horas.

-Garota Chata.

-O que é que você disse? – Gritando.

-Eu disse: falo nada.

-Sei.

-Mas espera aí, você disse que eu tô aqui há horas?

-Disse, por quê?

-Ai, meu Deus, eu tenho que ir embora.

-Por que, a mamãe vai brigar contigo? – Diz a Lagarta Voadora em tom de deboche.

-É claro que vai e...Er, quer dizer, não tem interessa o meu motivo, o importante é que eu tenho que ir. Onde é que a gente tá heim?

-Já disse, no meu esconderijo.

-Mas em que parte da cidade ele fica?

-Na zona oeste.

-Zona oeste? Não acredito, eu tô muito longe de casa.

*****

Duas horas mais tarde

Finalmente, depois de tentar pegar um táxi (sem sucesso), pedir carona (também sem sucesso), nosso serelepe herói consegue chegar em casa. Mike abre a porta bem devagar para não acordar ninguém, enquanto pensa eu devia ter deixado a janela do meu quarto aberta. Ele anda na ponta dos pés, passos suaves, silenciosos e, quando está quase subindo as escadas que levam ao seu quarto, vem o susto. As luzes acendem e um grito estridente começa a ecoar pela sala.

-Posso saber onde é que o senhor estava até essa hora, seu moleque? – Berra a mãe de Michael Mitchel.

*****

Na manhã seguinte...

-Caraca, acho que nunca levei tanto sermão da minha mãe como ontem – diz Mike enquanto vai a pé para a escola.

-Também pudera né, você sumiu praticamente a noite inteira – responde Lola, que está dentro da mochila de Mike.

-O que eu podia fazer? Eu tava tentando ser útil com os meus poderes.

-Pelo que eu soube, você chegou atrasado pra ajudar no incêndio.

-Pois é, mas pelo menos, depois de muito esforço, eu consegui algumas respostas da Lagarta Voadora.

-Lagarta Voadora? Nossa, vocês têm um péssimo gosto pra nomes.

-Coitada, ela foi mordida por uma lagarta-mutante-radioativa quando era criança. No começo, eu achei que ela fosse a causadora do incêndio, mas ela só estava lá ajudando (coisa que eu deveria ter feito). Além do mais, ela me deu algumas pistas de quem pode ter feito aquilo.

Enquanto isso, em outra parte da cidade...

Duas pessoas conversam em um galpão abandonado. Um homem bem alto, vestindo um elegante terno preto, e uma mulher, que usa um sobretudo com um capuz.

-Então, está preparada para se encontrar com o jovem Homem-Lagartixa? – Pergunta o misterioso homem.

-Mas é claro que estou. Na verdade, estou ansiosa.

-Pois bem, acho que chegou a hora do jovem réptil e do mundo conhecerem a Salamandra de Fogo.

-É isso aí, chefe.

Continua...

A seguir: Muito sexo, drogas e rock’n’roll. Mulheres nuas totalmente bêbadas e a revelação de vários mistérios. (Tá, num vai ter nada disso, com exceção talvez dos mistérios, mas é que a gente tem que dar um jeito de aumentar a audiência).

sábado, 14 de julho de 2007

Ediçaõ #1 - "O dia em que o calango falou comigo..."

Roteiro: Felipe Storino

Olá, meu nome é Michael Mitchel e eu sou o Homem-Lagartixa. É, esse mesmo com essa roupa ridícula de...lagartixa, oras. No momento eu tô numa situação um tanto quanto complicada, quatro idiotas armados resolveram assaltar um banco justo quando eu tava passando bem em frente e, como todo bom super-herói, eu parei pra prender os meliantes. As coisas não saíram bem como eu tinha planejado e eu tô numa situação não muito agradável, mas acho que todo super-herói já deve ter passado por isso no começo da carreira. Sim, isso mesmo, apesar da roupa e do nome ridículos, eu sou um super-herói. Tudo começou há mais ou menos duas semanas atrás.

*****

Duas semanas antes

Era mais um dia normal no colégio, os caras do time de futebol pegando as garotas mais gostosas, os nerds tramando altos planos contra os alunos populares...E no meio de tudo isso lá estava eu, Michael Mitchel, ou Mike para os amigos (tá bom, como se eu tivesse algum amigo). Fato é que eu não tinha nenhum amigo, não fazia parte de nenhum grupo, e ninguém me notava na escola, a não ser que fosse pra implicar comigo. Pra piorar a situação, eu nem sou inteligente como o Peter Parker, por exemplo, então se bobear vou ter que aturar tudo isso por mais uns três anos.

Mas vamos à parte que interessa. Eu tava no meu quarto numa boa, fazendo a minha lição de matemática (ou pelo menos tentando), quando resolvi trocar uma idéia com a minha única amiga: Lola, a minha iguana de estimação. Foi neste momento que eu levei o maior susto da minha vida, eu juro que escutei a Lola falando comigo, não falando na minha mente como eu costumo fazer às vezes, mas falando mesmo, na língua dos humanos. Foi quando percebi que não era a minha iguana que tava falando comigo, mas sim um calango grudado na parede. Eu achei que tinha sido apenas a minha imaginação, afinal, eu estava estudando matemática e esses números malditos sempre deixam a gente doido, mas eu juro que o desgraçado do calango falou de novo.

-Olá, Michael, acho que finalmente chegou o momento de nós conversarmos.

-Puta merda, o calango tá falando comigo, acho que eu pirei de vez. – Foi nessa hora que eu desmaiei.

Quando eu acordei, lá estava ele, o calango falante, olhando pra mim e, pior de tudo, ainda estava falando.

-Será que podemos conversar agora, Michael?

-Eu não acredito que você tá realmente falando comigo.

-Pode acreditar porque é a mais pura verdade. E fico feliz de ver que você não desmaiou novamente, a maioria passa por uns três desmaios.

-Maioria?

-Claro, ou você acha que é o primeiro escolhido?

-Escolhido pra que?

-Ora, pra combater o mal onde ele estiver, pra combater o mal na sua forma mais pura. Um grande mal se aproxima, Michael Mitchel, e você é o escolhido da sua geração, aquele que carregará os nossos poderes, o nosso legado.

-Então, quer dizer que eu vou ser um tipo de Homem-Lagarto ou Homem-Calango?

-Na verdade, você será o Homem-Lagartixa.

-Homem-Lagartixa?!?!?!?!?! Você tá de sacanagem né?

-Claro que não, é uma honra muito grande carregar o poder da grande Lagartixa Caolha.

-AI, MINHA SANTA GERTRUDE. Lagartixa caolha já é demais, eu tô sonhando, não é possível.

-Você deveria mostrar mais respeito pela Grande Lagartixa Caolha, afinal, é ela quem vai emprestar os poderes para você.

-Se você diz...

-Sim, eu digo. Você foi o escolhido da Lagartixa Caolha, a questão agora é se você aceita ou não esta grande dádiva.

-Aceita logo! – Diz uma voz que vem de cima da prateleira. Era Lola, minha iguana, agora ela também estava falando comigo.

-Lola, você também fala?

-Claro que ela fala – disse o estranho calango. – Todos nós falamos, mas só os portadores do poder da Lagartixa podem nos entender.

-Legal, finalmente eu vou poder conversar com a minha grande amiga Lola.

-Na verdade, é amigo, eu sou macho – disse Lola, para a minha surpresa.

-Putz, o cara da loja jurou que você era fêmea e...

-Esta discussão é irrelevante no momento – interrompeu o calango mala, num tom muito autoritário. – E então, Michael Mitchel, você aceita a missão que a Grande Lagartixa Caolha tem para você?

*****

O que você faz quando é um total fracasso no colégio, seu único amigo é uma iguana, e um calango falante lhe oferece poderes de um deus ancestral? Você aceita estes poderes, oras. É isso aí, aceitei os poderes da tal lagartixa caolha e o calango tosco me descolou um amuleto ancestral que faz com que eu me transforme e ganhe uns poderes legais. O problema é que o maldito nem me explicou direito como isso funciona, a única coisa que eu consegui com esse amuleto até agora foi uma roupa tosca de lagartixa e me grudar nas paredes e no teto. Essa parte de grudar no teto até que é bem legal.

Passei o resto da semana testando minhas habilidades recém adquiridas e tentando agir como um super-herói, afinal, o calango disse que eu teria a missão de combater o mal. Resolvi começar com coisas pequenas, pra ir me adaptando aos poucos a esta nova vida. Então, meu primeiro ato “heróico” foi ajudar uma garota muito linda a recuperar o gatinho que havia subido em cima de uma árvore; tudo bem, isso não é lá muito heróico, mas pra alguém que nunca foi bom em subir em árvores até que foi uma evolução tremenda.Quando dei por mim, lá estava eu subindo na árvore com aquela roupa ridícula de lagartixa e gritando frases de efeito do tipo: “Nada tema, com o Homem-Lagartixa não há problema!”. O ruim depois de ter salvado o gatinho foi ter que sair correndo da dona dele que ficou assustada, provavelmente com a minha roupa, e começou a querer me bater (e eu que tava pensando em pedir o telefone dela).

Com o passar dos dias, comecei a me arriscar um pouco mais, pulei o muro de uma casa, enfrentei um cão bravo e consegui recuperar a bola de umas crianças que brincavam na rua, pena que elas saíram correndo assustadas assim que me viram. Pelo menos, ganhei uma bola nova. Na escola, enquanto matava a aula de educação física pra ver as garotas jogarem vôlei, descobri que tenho um tipo de super visão. Eu estava de longe, tentando ver algumas bundas, quando de repente era como se eu estivesse lá, bem pertinho delas, mas na verdade eu estava longe. Resolvi chamar essa visão de Visão Além do Alcance, em homenagem aos Thundercats. Mas foi na saída da escola que eu me senti um verdadeiro herói; um marginalzinho roubou a bolsa de uma pobre velhinha e eu vi tudo do alto do poste onde eu tava pendurado. Não pensei duas vezes e pulei em cima do meliante, recuperando a bolsa da pobre senhora, mas quando fui devolver, a velha quis me bater com um guarda-chuva (preciso pensar seriamente em mudar de uniforme, andar por aí vestido de lagartixa não está sendo um bom negócio).

*****

Mas, finalmente, chegamos à parte que interessa: o grande assalto ao banco. Depois de passar uma semana com o Lola me enchendo a paciência dizendo que eu ñ estava fazendo nada com os meus poderes, resolvi sair pra dar uma jogadinha no fliperama. Foi então, que ao passar em frente a um banco, eu vi a oportunidade perfeita pra me tornar um super-herói famoso, quatro caras armados estavam fazendo um assalto e tudo que eu tinha que fazer era detê-los. Comecei a me perguntar se isso não seria obra da tal lagartixa caolha, talvez fosse obra dela colocar esses assaltantes na minha frente justo quando eu tava precisando fazer algo heróico. Só sei que não pensei duas vezes, me escondi em um canto, peguei meu amuleto e pronunciei a palavra mágica de transformação.

-Ahloacaxitragal.

Então, devidamente trajado eu parti pra cima dos miseráveis que já saíam de dentro do banco. O primeiro foi fácil, eu tinha o elemento surpresa ao meu lado, pulei bem na nuca dele e o cara foi a nocaute, mas eu ainda tinha três pra cuidar. Só dois estavam armados e, felizmente, eu já abatido um, então tratei logo de tentar pegar o outro que estava com uma pistola, mas foi aí que senti uma pancada na cabeça. Nem sei direito o que me atingiu, mas provavelmente foi o taco de beisebol que tá na mão de um dos assaltantes. Apaguei por um segundo, no máximo, mas quando abri os olhos o que eu vi não foi nada agradável: uma arma apontada bem pra minha testa.

*****

Agora

E foi assim que eu me meti nesta situação não muito agradável. Neste exato momento, eu tô tentando pensar no que os heróis dos quadrinhos fariam numa situação dessas, mas só consigo pensar mesmo é que eu vou morrer. E o pior é que eu vou morrer virgem.

-Putz, que fantasia mais ridícula. Dá até pena de matar um imbecil que sai na rua vestido desse jeito – diz o cara que está com a arma apontada pra mim.

Aí, eu faço a única coisa que uma pessoa sensata faria numa situação dessas, eu grito de medo. Pra falar a verdade, eu grito feito uma menininha. E não é que deu certo! Que maneiro, parece que eu tenho um tipo de hiper-grito, agora sim um poder que serve pra alguma coisa. Aproveito enquanto os safados estão assustados e começo a pular pelas paredes e a gritar na direção deles. Em dois tempos todos os bandidos estão desmaiados, prontinhos pra serem levados pelos policiais. E, enfim, a glória. Todos começam a perguntar quem sou eu, tanto os repórteres como a polícia.

-Povo de Alpha City – eu começo meu lindo discurso para as câmeras – vocês não têm mais o que temer, pois o Homem-Lagartixa está aqui para protegê-los.

-Então o seu nome é Homem-Lagartixa? – Pergunta um dos repórteres.

-É isso aí. E tem mais, eu...

-Escuta, garoto, você vem com a gente pra prestar depoimento – um dos policiais interrompe minha entrevista.

-Desculpe, oficial, mas não posso fazer isso. Afinal, tenho que manter minha identidade secreta, como todo bom super-herói.

Dito isso, eu começo a subir pelas paredes dos prédios pra ir embora. Talvez essa vida de super-herói não seja tão difícil, afinal de contas. Parando pra pensar agora, difícil mesmo vai ser aturar as piadinhas que eventualmente surgirão por causa do meu nome e...

-Aí ô Homem-Lagartixa, cuidado pra não soltar o rabo por aí heim. Uahahahahahahaha!!! – Piadinhas como essa gritada por um engraçadinho lá embaixo. Mas é melhor fingir que nem escutei, afinal, hoje é um dia feliz, eu consegui realizar meu primeiro ato realmente super-heróico. E por hoje é só.

*****

Epílogo:

Escondido nas sombras em um local desconhecido, uma figura sinistra assiste na TV as notícias sobre o Homem-Lagartixa. Claramente contrariado com o que acaba de ver, o estranho aponta sua mão para o aparelho de televisão fazendo com que o mesmo exploda.

-Então a Lagartixa Caolha escolheu o seu novo campeão? Pois bem, jovem réptil, é bom que esteja preparado para o que está por vir, e aproveite o pouco tempo de vida que lhe resta.

A seguir: “A Lagarta Voadora”